segunda-feira, 9 de abril de 2007

6 de Julho

Ele abriu a porta. Eu estava parada. Ele deu um sorriso leve e quase infantil, ingênuo. "Ô, você está aí!". Na hora nem liguei. Entrei pela porta, escovei os dentes e saí. Passei pelo seu quarto. Ele estava parado, triste, cabisbaixo.... era uma imagem silenciosa e triste, tais como os Réquiems que ele tanto amava ouvir.. " Stabat Mater, filha..." . A agonia, o sussuro.. prantos mudos. Tais como aquele gesto que ele representava.
O terno verde claro, velho e que ele tanto gostava, parecia agora recobrir aquela tristeza discreta que ele procurava, em vão, esconder. A vida já cobrava seus tributos... o sorriso brilhante da infância já não lhe pertencia mais. Dores tão fortes do passado, sofrimentos tão desconhecidos e tão presentes... tudo passado pelo olhar.
A saúde começara a vergar.
E tão logo ele se foi... ao som dos prantos de quem verdadeiramente o amava. Com flores, com respeito. Tanto que ele mereceu a vida toda.

"Requiem aeternam dona eis, Domine
Et lux perpetua luceat eis.
ad te omnis caro veniet.
Requiem aeternam dona eis, Domine.."

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